Gustavo Silvamaral, Sequência, 2016.
voil sobre chassi.
23 X71 cm
2017
Sequência
Três chassis quadrados, com 23 centímetros cada
lado. Sobre esses chassis, no lugar da lona é esticado o voil. Tecido sintético e fino, composto por vários fios de tecido com torção alta porém de baixa intensidade, o que resulta no caimento leve em sua transparência. Característica que Gustavo Silvamaral desdobra em suas experimentações com o material, fazendo uso de sobreposições, inúmeras camadas brincando com as diferentes cores de voil disponíveis
comercialmente. Ele cria tonalidades e densidades diferentes para suas telas com apenas variações da forma de utilizar o voil.
A Sequência, 2016, faz parte de uma série de obras que Gustavo Silvamaral desenvolveu durante o ano de 2016. Neste conjunto de trabalhos ele explora as possibilidades da pintura, forçando seus limites e questionando conceitos de sua tradição. Este desbravamento se dá pela experimentação de diversos materiais sobre o chassi, dentre eles o tecido. Um dos assuntos mais latentes nessa série de sequências é a utilização da cor. Gustavo Silvamaral descreve as telas como pixels de cor, cores estas roubadas do mundo pertencentes ao ambiente que o circunda, capturadas e transformadas em pinturas. Esse furto de cores se dá na escolha do artista em utilizar materiais comercializados em lojas comuns de tecido e materiais de construção. Materiais que convivemos cotidianamente.
Pinturas feitas sem tinta, ainda assim, podemos entender as telas de Gustavo Silvamaral como pintura. Isto porque essas telas trazem muitas referências e questionamentos relativos ao universo pictórico.
Foi a ênfase conferida a planaridade irrelutável da superfície que permaneceu porém, mais fundamental do que qualquer outra coisa para os processos pelos quais a arte pictórica criticou-se e definiu-se a si mesma no modernismo. Pois só a planaridade era única e exclusiva da arte pictórica. A forma circundadante do quadro, era uma condição limitativa, ou norma, partilhada com a arte teatral; a cor era uma norma e um meio partilhado não só com o teatro mas também com a escultura; Por ser a planaridade a única que a pintura não partilhava com nenhuma outra arte, a pintura modernista se voltou para a planaridade e para mais nada.“
Apesar da fala de Clement Greemberg referir-se ao expressionismo abstrato e à herança modernista de Gustavo Silvamaral, por estar ligada ao concretismo e ao neoconcretismo, podemos extrair deste pensamento outros pontos que Greeemberg entende como normas pertencentes à pintura. Não apenas levando em consideração a questão da planaridade, enquanto elemento exclusivo do pictórico, mas também os outros pontos que Greeemberg entende como normas pertencentes à pintura. Elementos como a cor e o limite do quadro, sendo estas questões caras às séries de sequências de Gustavo Silvamaral. Ao não excluir a planaridade o artista desloca materiais diversos para o chassi do quadro, que logo reflete o modus operandi ao lidar com os materiais na tela.